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MOVIMENTO NEGRO EDUCADOR: Corpo negro em movimento(S) de (R)existência a partir do Afoxé Oyá Alaxé e Afoxé Alafin Oyó

Autores/as:

Reginaldo Salvino

Renata Santos Barbosa

Verônica Santos

Yasmim Albuquerque de Melo Silva


Nesta pesquisa faremos uma breve viagem pelo tempo, evidenciando alguns pontos sobre o processo histórico do movimento negro em Pernambuco, indicando, sempre que possível, as estratégias de organização desenvolvida em cada momento histórico, dada as condições disponíveis. Porém, não perdendo de vista que o foco fundamental será a discussão sobre o papel educador do movimento, tomando como referência os estudos de Nilma Lino Gomes (2017).

No nosso enfoque reflexivo, escolhemos o afoxé como objeto de materialidade desse movimento negro educador, tendo em vista a relevância de sua existência, em território pernambucano, para a mobilização da juventude negra em torno da questão cultural, que, segundo a compreensão de lideranças dessas organizações, contribui para o fortalecimento identitário. Sendo assim, a escolha objetiva e de importância se concretizou com os afoxés Alafin Oyó e Oyá Alaxé. O primeiro, um dos mais antigos na cena da cultura negra em Pernambuco e o segundo, mais recente, mas que se destaca pelo protagonismo feminino no fazer religioso, cultural e pedagógico, ligado a um dos terreiros de candomblé mais tradicionais do Recife, o Obá Aganjú Okoloyá, Terreiro de Mãe Amara, situado no Bairro de Dois Unidos, no Recife, hoje conduzido pela sua filha e herdeira Mãe Maria Helena Sampaio.

As reflexões proporcionadas pelo diálogo e debate entre os afoxés foi, de forma direta e esquematizada, em uma Roda de Diálogos proporcionada pela disciplina de Movimentos Sociais do Programa de Pós Graduação em Educação, Culturas e Identidades - FUNDAJ/UFRPE. Foi, nesse momento, que a discussão e intersecção dos afoxés fez relevância e entrelaçamento com o movimento negro e suas estruturas, deixando em evidências as práticas de luta e de emancipação libertárias, seja por meio, antes de tudo, da ancestralidade, da identidade, da cultura, da história, da educação e também da política.

É, por fim, os afoxés, um dos mecanismos, uma das ferramentas, de saberes identitários, políticos e estéticos corporais (Gomes, 2017) que nos proporciona uma imersão de nossa subjetividade e um resgaste de nossa identidade fundada em luta e resistência.

     

Movimento Negro em Pernambuco

     

O parâmetro que utilizaremos no presente texto para discutir movimento negro é o utilizado por Gohn (2010) para definir movimento social na atualidade. Dessa forma a autora o define como: “ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar suas demandas.” (Gohn, 2010, p. 335). Entendemos com isso que o movimento negro tem sido ao longo do tempo essa iniciativa de mobilização, para a formação sócio-política, utilizando-se dos recursos culturais disponíveis, para fazer o enfrentamento à estrutura racista da sociedade que oprime, violenta e mantém em condições desiguais, milhões de pessoas pela sua origem étnica e cultural, subalternizadas inicialmente, pelo processo de colonização europeia iniciado na América, que estabeleceu o sistema escravagista, baseado na mão de obra africana, no início do século XVI e a partir do século XIX se reformula, com a elaboração de um ideário racista que domina a intelectualidade europeia e brasileira, como estratégia de manutenção dessa subalternização. Observando que os supostos conhecimentos científicos racialistas desenvolvidos por estes intelectuais, incentivaram ações do Estado que perpetuaram a desigualdade racial.

Nas nossas reflexões sobre a importância do movimento negro para o enfrentamento ao racismo, se faz necessário a distinção entre resistência negra à escravidão e o movimento social negro propriamente dito. A resistência se fez desde os primeiros momentos da escravidão. Os apontamentos de Clovis Moura em obras como Rebeliões da Senzala, de 1958, e Os Quilombos e a Rebelião Negra, de 1981, entre outros textos, nos ensina que desde os anos de 1540, quando do início da escravidão africana no Brasil, houve intensa reação à violência sofrida por esses e essas escravizados e escravizadas, com diversas estratégias de enfrentamento. Essas reações nem sempre planejadas coletivamente, mas, sistemáticas. Suicídios, assassinatos, envenenamentos, emboscadas, fugas, foram as formas mais comuns de resistência. Mas, foram os quilombos, as formas mais planejadas, coletivas, eficazes e duradouras que temos notícia na história da resistência negra à escravidão, anterior a existência do movimento negro.   

No que se refere à religiosidade enquanto forma de preservação da identidade africana, em Pernambuco, as casas de culto aos Orixás surgem no mesmo período em que surge na Bahia e no Maranhão. Entre a Bahia e Pernambuco, a comunicação e o intercâmbio entre escravizados e homens e mulheres negras livres foi uma constante no século XIX. O processo de institucionalização das organizações religiosas e culturais africanas se deram quase que simultaneamente. O maracatu e o frevo, tem suas origens organizacionais datadas em meados do século XIX. Isso indica a configuração de uma cultura afro-brasileira em gestação. As formas de resistência ao escravismo, vai gerando uma identidade negra nacional com características regionais. Assim como em outras partes do país, a formalização do fim da escravidão que já vinha sendo desenhada pela própria ação negra, combinado com fatores externos e associados à economia global, vai definido as formas de organização da população negra local em torno da cultura e ancestralidade. Não encontramos registros sobre a imprensa negra local. Mas, há vagas informações da sua existência, como da lógica de disseminação das atividades dos grêmios recreativos e agremiações carnavalescas.      

Há registros de que a frente negra Pernambucana foi fundada em 1934, incluindo fontes do Jornal Pequeno, Jornal de grande circulação na época no estado. Na tese de doutorado de Fátima Aparecida Silva consta que: “A frente negra em Pernambuco foi instituída em 1936, sob a liderança de José Vicente rodrigues de Lima e transformada em Centro Cultural Afro-brasileiro, em 1937 (Silva, 2008)”. Solano Trindade também fui um dos cinco fundadores da Frente, e do CCAB. Participou de dois Congressos Afro- Brasileiro, de 1934 e de 1935, e fundou o Teatro Experimental do juntamente com Abdias do Nascimento (Santos, 2017). O Centro Cultural Afro-Brasileiro – CCAB, fundado por José Vicente tinha como propósito a valorização da cultura negra em Pernambuco, diante da repressão implementada pelo Estado Novo, que cassou a atuação da Frente Negra, que tinha a educação como prioridade e a maior participação do negro na política.  

Após a Primeira Conferência Estadual e Nacional de promoção da Igualdade Racial, em 2005, assistimos também a uma maior articulação política nacional das mulheres de terreiro. Em 2006, o Grupo Angola Janga realizou, no mês de novembro, no Bairro do Janga em Paulista, o Primeiro Encontro de Yalorixás, em parceria com Mãe Lucia de Oyá Togum. A proposta do encontro, ainda em caráter incipiente, era a organização dos terreiros em torno da regularização jurídica e da segurança alimentar. Esse segundo tópico foi desdobramento de decisão da Conferência Nacional, em garantir cestas Básicas distribuídas pela Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, como parte da Política Nacional de Segurança Alimentar, ampliando esse atendimento a comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e de terreiros.

     

 Movimento Negro Educador

     

Como vimos anteriormente, ou nos subtópicos anteriores, a ideia – por ora reforçada por Gomes (2017) – de que o Movimento Negro atuou (e atua) como um movimento pautado na ação de educar e deixar explícito os saberes do povo preto/negro estruturados em uma luta por emancipação histórica, política, social e cultural, e que, por consequência, tem permeado e marcado a história e a vida da população negra desde o princípio aqui no Brasil, é verdadeira.

O movimento negro, e seus movimentos ao longo da história, proporcionaram a produção de conhecimentos por uma busca de emancipação subjetiva e identitária no que concerne as questões raciais no Brasil, através de atuações pedagógicas, educacionais, libertadoras e políticas. Para Nilma Gomes, os movimentos sociais são “os produtores e articuladores dos saberes construídos pelos grupos não hegemônicos e contra hegemônicos da nossa sociedade” (Gomes, 2017, p. 16). Aqui no Brasil o movimento negro apresenta-se como educador, primeiramente, no momento que ressignifica o conceito de raça e modifica o entendimento político, ideológico no que cerne o racismo e as estruturas estatais e governamentais; retirando a população negra de um lugar, de um espaço, historicamente marginal e poluído, o da inferioridade racial e social. (Gomes, 2017). É, antes de mais nada, pela educação e conscientização que o Movimento Negro se constitui como tal e se dissemina na sociedade; uma forma de luta e protagonismo contra as proibições e entraves políticas da época.

É esse processo educador que, ainda hoje, sofre com críticas e enfrenta dificuldade na produção científica, por exemplo. Nilma Gomes (2017) afirma e argumenta de forma enfática que os conhecimentos produzidos pelos integrantes do movimento não se enquadram nos saberes e conhecimentos científicos, mas que, no entanto, eles não são e não podem ser invalidados e tratados como “menos saber”. Sendo assim, o educar enegrecido por pessoas negras, o educador libertador e transformatório, ele se pauta em saberes identitários, políticos e os estéticos corporais (Gomes, 2017); identitários por tratar sobre a identidade negra, dando visibilidade a questão racial em diferentes âmbitos (arte, literatura, cultura e etc.), políticos por trabalhar a necessidade de avanço nas relações entre o racismo e a política brasileira e, por fim, o saberes estéticos-corpóreos, aprimorando e esmiuçando as vivências e relações do corpo negro na sociedade.

É, nessas nuanças e movimentos do Movimento Negro Educador que se enxerga a possibilidade de uma construção subjetiva negra que tem por intuito rachar a estrutura, transgredir e emancipar nossos corpos e nossas mentes de modo que o enfrentamento ao racismo de faz presente.

     

AFOXÉ E MOVIMENTO (S) DE (R)EXISTÊNCIA

     

Afoxés são grupos artísticos culturais fundados nas doutrinas religiosas dos cultos afro- brasileiro; desde a sua relação com os terreiros, quando os grupos prestam devoção aos orixás, tendo-os como guias e recebem os cuidados religiosos de uma yalorixá e/ou babalorixá. Os afoxés se traduzem como movimento de resistência e existência por fazer emergir um sentimento de pertencimento de nossa negritude que está adormecido devido ao racismo estrutural que organiza nossa sociedade, contribuindo para o apagamento de nossa humanidade.

A sonoridade é um ponto extremamente importante, o ritmo que constrói um ambiente, que faz despertar uma identificação da negritude que ainda está inconsciente em nossas vidas negras, estimulando aqueles e aquelas que faz parte deste lugar a tomar gosto sobre o mundo negro que ele não teve acesso nem na escola, muito menos na universidade. É o afoxé que vai apontar várias lutas que precisam ser combatidas e uma delas é o racismo. A aproximação para com um grupo de afoxés traz e evidencia a história negra em uma dimensão histórica, política social e, de certa forma, para além da cultural, subjetiva; nos estimulando a desconstruir o racismo que assola vidas negras desde da nossa chegada neste país. Além de ser um local de memórias, o afoxé dá pontapé e base para expressões artísticas negras como o rap, reggae, dança afro, poesia, samba, coco, samba reggae e etc., potencializando a compreender e perpetuar nossas raízes negras.

Segundo Nilma Lino Gomes (2017), os movimentos sociais negros trouxeram as discussões sobre racismo, discriminação racial, crítica à democracia racial, gênero, juventude, ações afirmativas, igualdade racial, africanidades, saúde da população negra educação das relações étnico raciais, desigualdade racial, racismo religioso e questões quilombolas. Ao trazer essas discussões e indicadores a serem detalhados, Nilma Lino Gomes (2017) aponta que são cobranças dialogadas e sustentadas pelo povo negro, desenvolvidas dentro de grupos de afoxés, organizando e concretizando um espaço de movimento negro educador para o que chamamos de bem viver.

     

Afoxé Oyá Alaxé


Tendo como objetivo difundir a cultura dos Afoxés de Pernambuco o Afoxé Oyá Alaxé traz e se apresenta na força dos orixás e a magia do axé contida na cadência ijexá – ritmo principal dos afoxés. Vindo do Terreiro lê Obá Aganjú Okoloyá (Casa do Rei Xangô, marido de Oyá), no Bairro de Dois Unidos, em Recife, no ano de 2004, por Maria Helena Sampaio, o Oyá Alaxé tem como proposta enaltecer, cultuar e difundir, através da música, da dança, dos figurinos e das joias do axé, os elementos e símbolos que deixam em evidência e perpetuam tradição religiosa da Nação Nagô de Pernambuco, uma das mais antigas nações de origem africana estabelecidas no Brasil e também nas Américas.

O nome do grupo, como marca identitária e ancestral, refere-se a divindade Oyá (Yansã) que significa: Oyá a senhora do Axé, a possuidora do Axé. No Oyá Alaxé, de forma precisa, as mulheres são as guardiãs ancestrais da cultura popular e afro-diaspórica. É, por meio da referência ancestral, fator importante e evidente no afoxé, que se deu a necessidade de mostrar e apresentar ao público, aos telespectadores, ao povo negro, e além de, não apenas o que conhecemos e entendemos como cortejo das religiões afro descendentes, mas uma representação fidedigna dos símbolos e signos do povo no candomblé. Por isso, mostrando as raízes ancestrais e religiosas, que o legado do povo Nagô se mantém vivo, existindo e resistindo.

O Afoxé Oyá Alaxé mantém, de forma física, por meio do terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloyá, Terreiro de Mãe Amara, sede do grupo, um espaço significativo para que suas atividades ancestrais, religiosas, culturais e educadoras sejam colocadas em prática. São, através dessas práticas culturais e de fortalecimento da juventude e população negra, que existe uma difusão dos saberes (saberes identitários, políticos e estéticos corporais (Gomes, 2017)) e conhecimentos afrodescendentes, proporcionando, antes de mais nada, saberes e vivências socioculturais que perpassam o ambiente educacional formal e rompem com a estrutura imposta já fragilizada.

Nota-se que o Oyá Alaxé tem como regra e objetivo manter a ancestralidade viva, a valorização do povo negro e, acima de tudo, a relação corpórea, subjetiva, transcendente com a religiosidade. Dessa forma, em uma relação de alma, corpo e religião que a existência e a resistência do Afoxé Oyá Alaxé se mantem presente e atuante. Encontramos, de forma pura e nítida, o saber identitário ao trazer a referência afrodescendente; de saber político ao lutar contra a intolerância e o racismo; e, por fim, o saber estético corporal presente na dança, na representação das esferas dos terreiros e sua forma de transcender.


Afoxé Alafin Oyó 


Localizado na Rua do Sol, no bairro do Carmo, em Olinda, o Afoxé Alafin Oyó nascido, oficialmente, em 02 de Março de 1986, tem como principais objetivos, até o dia de hoje, divulgar e perpetuar a cultura-religiosa – símbolo da cultura negra pernambucana. Não obstante, em sua fundação, seus fundadores possuíam laços e estreitos elos com o Movimento Negro Unificado (MNU) e também o Movimento Negro de Recife.

Tendo as letras de seu repertório, as músicas do Alafin Oyó clamam e deixam em evidência os sentimentos, as lutas, a religiosidade, a esperança, a existência e a resistência do povo negro; embaladas ao envolvente e dançante ritmo Ijexá (Ketu). Sua indumentária faz referência às antigas cortes africanas, proporcionando que toda a herança cultural seja traduzida e interpretada pelo Balé Alafin Oyó. Sua ancestralidade, antes demais nada, reside nas antigas Nações Africanas de Pernambuco. Por ter Xangô como seu patrono, deus da justiça, o Alafin utiliza as cores vermelho e branco.

O Alafin Oyá começa, antes de tudo, por uma ala política do Movimento Negro do Recife, que tenta trazer embates do movimento, de cultura, para dentro da linguagem do Afoxé, para que a visibilidade fosse ampliada. Começando em rodas de carnaval, o Alafin, por sua vez, não se prende a essa relação/perspectiva carnavalesca; contudo, encara o carnaval como uma culminância do trabalho educador do ano todo de formação (para homens e mulheres negras) por meio da música, das reuniões, dos seminários, de educação, alfabetização, das atividades de formação, oficias de percussão, danças e canto. Além disso, como forma de reforçar a autoafirmação identitária e o saber dessa população, o afoxé proporciona festas temáticas.

Em 1995, foi criada a Ala Alafin Mimi, para garantir que a memória do povo oyó (yorubá-nagô) fosse transmitida. Hoje tal ala configura-se em Ponto de Cultura/Ministério da Cultura, do Programa Cultura Viva. O Alafin é também popularmente conhecido como “O Afro das Olindas”, e entrelaça-se às mais diversas iniciativas que tenham por base a educação - oficinas, palestras, apostilas, etc.

O Afoxé Alafin Oyó tem, como síntese, a necessidade de territorializar ao todo, como forma de recontar a história e nossos processos sociais, políticos e culturais. São, por meios de vivências e experiências, de saberes identitários, corpóreos, políticos e de luta, que o Afoxé de Olinda se manifesta e de concretiza como a continuidade do simbolismo de fé e identidade negra.

Para além da relação de história, identidade, fé, ancestralidade e identidade negra, o Afoxé Alafin Oyó é, como síntese, uma relação contínua de luta, existência e resistência pela vida.


CONCLUSÃO


O presente trabalho pretendeu refletir, de forma concisa, quanto ao papel do Movimento Negro e dos Afoxés nos processos de construção, expressão e libertação identitária dos sujeitos envolvidos (ou não) na sua prática, bem como os sentidos para além da subjetividade a que são atribuídos em sua manifestação da cultura negra em Pernambuco. Para tanto, foi necessário criar uma linha atemporal, antes de mais nada, entre o Movimento Negro Brasileiro e o de Recife, além do seu papel educador, para chegara estruturação dos Afoxés Alafin Oyó e o Oyá Alaxé, bem como seus processos e mecanismos de existência, ressignificações e resistência desenvolvidos em mobilizações políticas e religiosas contidas e aprimoradas em um âmbito social e local.

É, como expressão dessa cultura negra em Pernambuco que os campos artísticos, políticos e religiosos se intercruzam, utilizando mecanismos de saberes identitários, estéticos-corporais e políticos (Gomes, 2017) para produzir desdobramentos que sejam positivos e efervescentes na vida humana. Além disso, se faz importante refletir sobre como essa manifestação cultural, ancestral e religiosa, surge como aliada em políticas e ações afirmativas dos militantes negros de Pernambuco, adentrando espaços no MNU de Recife. Com isso, no diálogo de diferentes esferas da sociedade, por meio das experiências vivenciadas e experimentadas, que sujeitos desenvolve-se um sentimento de pertencimento ao mesmo tempo em que ressignifica-se a prática.

Em suma, falar sobre Afoxés Alafin Oyó e o Oyá Alaxé e sua relação com o Movimento Negro, é, antes de mais nada, falar sobre necessidade de emancipação e de transgredir; de transcender. Enquanto o Alafin Oyó se concretiza e resiste diariamente por meio de campos políticos e estatais de atuação, fundação e educação formadora, o Oyá Alaxé, ainda que toque no ponto político, ressalta a cultura negra através de uma afirmação artística identitária no balé e nas demonstrações de dança. Ambos, ainda que em tempos diferentes e com representações e patronos ancestrais diferentes, se colocam, se mostram, se concretizam, como ferramentas e mecanismos de combate a invisibilidade da população negra. É, de forma prática, através da resistência que ambos dinamizam e evidenciam as heranças, as fragilidades e a força dos que, por muito tempo, foram (e ainda são) renegados e inferiorizados.

O Movimento Negro e os Afoxés, de forma pontual, são movimentos educadores que, a longo e curto prazo, proporcionam a atmosfera de transcendência.

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